Eu nasci e não tive escolha
depois do nascer
tudo é morte
E a minha morte é pior,
é agravada por um
bairro,
que também não
escolhi,
por uma cor de pele,
que também não
escolhi,
por um modo de amar,
que também não
escolhi.
se respiro eu morro,
eu morro
de medo
De onde eu venho
luto é verbo
de onde eu venho
morro é verbo conjugado
É também
substantivo
E também realidade
Não apenas minha,
mas de muitos
Eu morro
Pois eles me julgam
pelas minhas roupas
Me matam
Julgando por um
livro sagrado,
Se eu to suado, se
tenho uma marca aqui.
Neste mesmo livro tem
uma parte,
que diz que o homem
no paraíso
nem se quer tinha o
que vestir
Aqueles que me matam
morrem num
conforto,
o qual eu nunca pude
conhecer.
Eles morrem bem
melhor que eu.
A morte deles capa de
jornal.
A minha morte
comemoração
nacional.
Ouvi um sussurro num
canto,
Não nos mate, eu
quero viver,
não nos mate, eu
quero produzir.
Ouvi gritos,
passeatas de um outro lado.
Você tem que
morrer,
Você não quer ou
não pode reproduzir.
No meu ultimo
suspiro, eu vou lembrar
de todo meu período
de morte ,
eu só quero me
orgulhar,
Que lutei, para os outros
anestesiar,
mas espero que
fiquem conscientes,
não fiquem parados,
não fiquem omissos,
não fiquem impotentes
Pois eles olham
pra gente
e já querem nos
matar.
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